segunda-feira, 28 de março de 2016

IF Baiano e sua atuação na agricultura familiar


Há nove anos, o projeto “Unidade de material
básico propagativo de Umbuzeiro” faz parte da rotina do Campus Guanambi (começou quando o Instituto Federal Baiano – IF Baiano ainda era Escola Agrotécnica Federal Antônio José Teixeira). Com o objetivo de preservar umbuzeiros (Spondias Turberosa Arr. Câm., 1816) e umbucajazeiras (Spondias sp.), o Instituto possui um pomar com 200 plantas de 26 clones oriundos de Bahia, Minas Gerais e Pernambuco.

“Além de preservar a variabilidade genética dos clones* de Spondias, outros objetivos são caracterizar os clones que possuem as melhores características de sabor e rendimento de polpa e incentivar o cultivo do umbuzeiro por agricultores familiares, trabalho realizado de forma contínua pela Embrapa, Epamig, Instituto Federal Baiano e outras instituições parceiras”, destaca o pesquisador do IF Baiano Sérgio Donato.

Esse trabalho, ligado à biodiversidade brasileira, também serve para as aulas práticas dos estudantes do IF Baiano dos cursos integrados de agropecuária e agroindústria; subsequente de agricultura; superiores de tecnologia em agroindústria e bacharelado em engenharia agronômica; pós-graduação stricto sensu de mestrado profissional em produção vegetal. “Os alunos dos cursos relacionados à produção vegetal têm aulas práticas de identificação das características dos clones e de propagação para multiplicação e preservação”, afirma o pesquisador.

A divulgação para propagação e plantio de umbuzeiros com a presença dos pesquisadores também faz parte do projeto. Nos anos 2008, 2009, 2010 e 2013, trabalhadores rurais e agricultores participaram de reuniões (dias de campo). Sérgio explica que a área sempre é visitada por pequenos grupos de agricultores familiares (integrantes de movimentos sociais ou não) e esse trabalho de incentivo ao plantio dessa cultura adaptada ao semiárido brasileiro é relevante, especialmente pelo problema de disponibilidade de recursos hídricos. “Existem pequenas áreas de umbuzeiro espalhadas nos municípios. Digo áreas, mas o melhor é dizer plantas, muitas pessoas em sítios ou mesmo nas suas casas na cidade tem uma, duas, até 10 árvores de umbuzeiro”, diz Donato.

Para a próxima etapa, planeja-se o desenvolvimento de pesquisas referentes ao manejo da floração para produzir fora da época da safra e fazer manejo de irrigação com água de salinidade elevada. “Entretanto, como o ciclo da cultura é longo, tudo isso demanda muito tempo, pois a planta só inicia a produção com cinco anos, mesmo enxertada”, pontua Sérgio. O pesquisador explica que esse trabalho tem bastante relevância socioeconômica devido à “difusão do cultivo colabora para fixação do homem no campo e ao cultivo de uma planta adaptada com enfoque no uso de estratégias agroecológicas mais aplicadas à agricultura familiar e biologicamente mais dependentes do ambiente natural”, fala.

Contribuição científica:
  • Caracterização dos clones e, posteriormente, identificação de práticas de cultivo de uma espécie que causará pouco ou nenhum impacto ambiental;
  • Diminuição dos riscos de erosão genética e preservação da variabilidade genética.

*Registro de clone como variedade depende de autorização do Conselho de Gestão do Patrimônio Genético (CGEN) - Ministério do Meio Ambiente

Linha de pesquisa: Manejo de fruteiras

Doações ao IF Baiano – Campus Guanambi / Produções:

2007 - 140 mudas enxertadas (BGUs, Bancos de Germoplasma de Umbuzeiro, da Embrapa e da Epamig);
2010 - 60 mudas;
Frutos chegam a pesar mais de 100 gramas;
Clone MG-01 pesa, em média, 98g e pode alcançar até 160 g (conhecido como umbu gigante, originado em Lontra/MG e plantado na Bahia e em Minas Gerais);
Clone CP-47 tem frutificação em forma de cachos com até 25 frutos por cacho, são pequenos e doces (originado de São Gabriel/BA).

Parceria:
IF Baiano – Campus Guanambi
Embrapa Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas, BA)
Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig Norte) (Janaúba, MG)

Equipe envolvida:
José Teixeira Rosa (técnico em agropecuária/IF Baiano)
Ancilon Araújo e Silva Júnior (gerente de campo/IF Baiano)
Sérgio Luiz Rodrigues Donato, João Abel da Silva, Alessandro de Magalhães Arantes e Carlinne Guimarães de Oliveira (professores – pesquisadores)
Nelson Fonseca (pesquisador - Embrapa Mandioca e Fruticultura)
Nívio Poubel Gonçalves e Heloísa Mathana Saturnino (pesquisadores - Epamig Norte)


Fotografia: Sérgio Donato (Sítio eletrônico Embrapa / IF Acontece IF Baiano/Guanambi)

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