quarta-feira, 30 de março de 2016

Vocação Regional do IF Baiano e Desenvolvimento: articulação entre formação para o trabalho e arranjo produtivo local


Ser um Instituto Federal (IF) também é ampliar a participação na sociedade e agregar qualidade social à demanda de ordem econômica. Marcos Seixas, coordenador de dados e informações da Pró-Reitoria de Desenvolvimento Institucional (Prodin), destaca que “os Institutos devem ocupar-se de um trabalho mais cooperativo em relação aos arranjos produtivos sociais e culturais locais, voltado para o desenvolvimento local e regional e compreendido como melhoria do padrão de vida da população dos territórios em que atua”, diz. 

A pró-reitora de extensão Rita Garcia fala sobre a importância dessa inserção: “nos territórios, estão os povos, as comunidades e os grupos informais que constituem os beneficiários dos projetos de extensão haja vista que devemos trabalhar na perspectiva de transformação da sociedade, levando em consideração a territorialidade. O território é o cenário no qual se constrói práticas do processo educativo e de intervenção social', afirma.

Dentro dessa proposta, o IF Baiano atua na proposta de diálogo com os Territórios de Identidade para dimensionar a própria atuação e os resultados esperados para um IF, destaca o coordenador Seixas. “Deve possibilitar ao indivíduo a formação de conhecimentos a partir da interação com o seu espaço, o qual deve ser problematizado, investigado, confrontado, para poder ser conhecido e transformado”, fala Marcos.

Nessa linha, a formação para o trabalho dentro do Instituto ultrapassa o pensamento de educação profissional como instrumento que atende exigências do mercado. Antes da execução dos cursos, por exemplo, a instituição realiza um estudo de demanda de natureza social, econômica e institucional que considera a inserção inserção regional e a área de abrangência de cada curso. Marcos fala sobre os quatro fatores considerados na análise: ocupacional (caracterização do trabalho e dos empregos formal e informal predominantes); setorial (entendimento do cenário dos principais setores econômicos demandantes); educacional (investigação sobre os níveis de escolaridade e as ofertas educativas existentes); educativo (prospecção dos vetores de desenvolvimento a partir da vocação produtiva local). “Aspectos e informações que promovem a inserção do IF Baiano nos Territórios de Identidade da Bahia devem estar consubstanciados no acompanhamento permanente do perfil socioeconômico-político-cultural da região de abrangência”, pontua Marcos.

A pró-reitora Garcia pontua que os objetivos de atendimento aos arranjos produtivos, culturais e sociais também acontecem pelo contato de servidores e estudantes com a realidade local e regional através dos projetos de extensão. “As ações de extensão, além do processo educativo, apontam como possibilidade de retorno o desenvolvimento local no sentido de despertar para emancipação e autonomia das comunidades”, explica Rita.

O professor e diretor acadêmico do IF Baiano – Campus Serrinha, Davi Costa, complementa ao falar sobre a articulação dos NEDETs (Núcleos de Extensão em Desenvolvimento Territorial) com os colegiados e os grupos produtivos (associações, cooperativas). “Além desta atuação, eminentemente atrelada ao Território, existe o CVT - Centro de Vocação Tecnológica que ultrapassa esses limites territoriais e passa a ter uma ação multiterritorial e ações de extensão e pesquisa que possuem esta inserção contextualizada com o planejamento dos territórios”, lembra.

Para Mônica Carmo, estudante do 2º semestre da especialização em Inovação Social com ênfase em Economia Solidária e Agroecologia, promovido no Campus Bom Jesus da Lapa, o IF Baiano atende a vocação territorial, especialmente nos cursos implantados. No ano passado, por exemplo, começou a atuar no NEDET - Núcleo de Extensão e Pesquisa em Desenvolvimento Territorial do Território Velho Chico e considera essa como uma oportunidade gerada após sua entrada no Instituto pelo estágio que fez, no LaPPRuDes - Laboratório de Políticas Públicas, Ruralidades e Desenvolvimento Territorial, quando cursava o técnico em agricultura.

Mônica destaca que a presença do IF Baiano não só impacta na vida profissional das pessoas, mas oportuniza: “criamos nossas redes de contatos através do nosso estudo, estágios, pesquisa que abrem as portas para o mercado de trabalho e até gera empregos, especialmente por meio da pesquisa e da extensão que podem ser potencializadas”, afirma. “Uma instituição do porte do IF interfere significativamente nas dinâmicas territoriais, pois formam pessoas que irão utilizar o conhecimento para melhor desenvolver seus trabalhos bem como influencia na construção dos conhecimentos técnicos, científicos e na (re)significação e valorização dos saberes tradicionais”, complementa.

João Antônio Oliveira, formado no curso técnico em administração pelo Polo e-Tec de Mundo Novo, diz que a existência do IF Baiano o ajuda a obter conhecimentos úteis para toda a vida, além de sua qualificação. “De grande relevância, a possibilidade de fazer um curso técnico sem precisar se deslocar para outras cidades”, declara. João reforça sobre o compromisso de professores, tutores e coordenadores em disporem de cursos bons de qualidade e competência. 

O IF Baiano não pode deixar de assumir o seu papel
nesta construção de redes de atuação que potencializam os territórios a partir de suas vocações e, sobretudo, de suas demandas articuladas através de colegiados, que são compostos por representações da sociedade civil, movimentos sociais, instituições públicas etc”
- Davi Costa, diretor acadêmico do IF Baiano - Campus Serrinha -
  

NEDET - Núcleo de Extensão em Desenvolvimento Territorial:


  • Fomento do CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico;
  • Implantação de seis Núcleos no IF Baiano;
  • Ações: assessoramento, acompanhamento e monitoramento das iniciativas de desenvolvimento territorial. 

    Os Territórios possuem muitas demandas intimamente imbricadas
    ao setor agropecuário. Nosso maior desafio é garantir que os atores
    sociais do campo consigam estar matriculados e possam, com
    qualidade, realizar a formação”
    - Davi Costa, diretor acadêmico do IF Baiano - Campus Serrinha -  
     
Atuação no campus:


Em entrevista ao Bem Baiano, a professora de geografia e coordenadora do Nedetes - Núcleo de Extensão em Desenvolvimento Territorial do Extremo Sul da Bahia, Cintya Flores, fala sobre o envolvimento do Núcleo no Comitê Estadual de Acompanhamento dos NEDETs da Bahia, a influência dessa atividade no seu cotidiano e o trabalho realizado no município.



Bem Baiano - Qual a importância de o IF Baiano estar participando do Comitê Estadual de Acompanhamento dos NEDETs da Bahia? 
Cintya Flores – Sendo o IF Baiano uma instituição de forte vocação rural, sobretudo no Campus Teixeira de Freitas que assumiu o compromisso de dar continuidade ao sério trabalho de formação de técnicos de agropecuária que a Ceplac fazia, através da Emarc, há mais de 30 anos no território, fazer parte do Colegiado é mais do que interessante. O Colegiado é composto, sobretudo por povos e comunidades do campo, e nele se discute quais as reivindicações e as ações que serão estabelecidas ou que lutaremos para estabelecer no território. O IF Baiano fortalece o Território, apoia e subsidia a elaboração de projetos; oferece espaço para realização de atividades e disponibiliza transporte público.



Bem Baiano - Como essas discussões influenciam você, enquanto docente do IF Baiano, na sua rotina profissional? 
Cintya Flores – Desempenho muitas atividades: reuniões com entidades, secretarias municipais e estaduais e instituições; mesas de diálogo sobre desenvolvimento territorial, agroecologia, movimento de mulheres e juventude rural; sistematizamos as ações no grupo de pesquisa Nupedet (Núcleo de Pesquisa em Desenvolvimento Territorial) e produzimos artigos e trabalhos acadêmicos; em sala de aula, tenho tentado demonstrar ao aluno o quanto a democracia pode ser também, direta, não apenas representativa (temos que ter autonomia e nos empoderar dos processos de decisão dos espaços que ocupamos seja ele em casa, na escola, no trabalho e na vida de modo geral).



Atividades do Nedetes - Núcleo de Extensão em Desenvolvimento Territorial do Extremo Sul da Bahia:


  • Participação na realização das Conferências Territoriais de Juventude Rural, Mulheres, ATER, Segurança Alimentar;
  • Realização do I Encontro das Mulheres do Campo, das Águas e das Florestas (participação de 13 municípios);
  • Realização de mesas de diálogo sobre agroecologia, desenvolvimento territorial;
  • Assessoria às plenárias territoriais;
  • Assessoria na elaboração do planejamento de ações do Colegiado de 2015;
  • Assessoria na realização do PPA-p 2016-2018;
  • Participação em eventos nacionais e internacionais voltados ao Desenvolvimento Territorial;
  • Apresentação de trabalhos científicos;
  • Processo de elaboração de um livro denominado Desenvolvimento Territorial no Extremo Sul da Bahia;
  • Articulação entre instituições, entidades e território para mobilizá-los a fazer parte do Colegiado Territorial com ampliação de 60 para 110 entidades homologadas no Colegiado;
  • Lançamento de informações sobre o Território no Sistema de Gestão Estratégica (SGE) do Ministério de Desenvolvimento Agrário, fazendo com que os dados do Extremo Sul passem a aparecer no sistema desde agenda até composição do colegiado, dos comitês e das câmaras temáticas/técnicas.



Equipe do Nedetes - Núcleo de Extensão em Desenvolvimento Territorial do Extremo Sul da Bahia: 

  • Coordenadora do Nedetes, Cintya Flores; 
  • Assessora de mulheres, Patrícia Pimentel: docente e mestre em extensão rural do IF Baiano que desenvolve o trabalho de articulação e fortalecimento da mulher no campo;
  • Assessor de inclusão produtiva, Tadeu Mageste: engenheiro florestal (mais de 18 anos de experiência em extensão rural no território) que atua no fortalecimento da participação nas políticas de inclusão produtiva;
  • Assessora de Gestão Social, Daniella Ribeiro: geógrafa que realiza a mobilização de atores, entidades e debates de interesse do território e o registro das atividades realizadas através do sistema SGE do Ministério do Desenvolvimento Agrário - MDA;
  • Dois bolsistas de iniciação ao Extensionismo, Quetine e Luciano: estudantes de Biologia da UNEB – Universidade do Estado da Bahia que registram, sistematizam, transcrevem entrevistas e dialogam com os atores.


Fotografia: Acervo de Cintya Flores / Fotos das plenárias do Colegiado Territorial







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